Guilherme Pedro e a equipe da minissérie "Ladrão"

QUERER É PODER

Por Eduardo Torelli Fotos Divilgação

Um bate-papo com Guilherme Pedro, diretor iniciante que, com poucos recursos, realizou a minissérie Ladrão

Ele tem apenas 16 anos e é apaixonado por cinema – entre seus ídolos estão os diretores Christopher Nolan, José Padilha e Martin Scorsese. Apesar da pouca idade e do momento desfavorável que o país vive no que se refere às políticas culturais, o adolescente Guilherme Pedro acaba de realizar uma minissérie independente em colaboração com a roteirista Larissa de Oliveira (outro talento precoce: ela tem 18 anos de idade). Feita sem grandes investimentos ou patrocínios, Ladrão (cujo episódio piloto pode ser conferido em: https://www.youtube.com/watch?v=wHZkCb7NE1U) repercute temas muito atuais no Brasil, como a luta contra a corrupção.

A SÉRIE LADRÃO FOI FEITA COM POUCOS RECURSOS E SEM NENHUM PATROCÍNIO. COMO VOCÊS CONVENCERAM OUTRAS PESSOAS A PARTICIPAREM DO PROJETO SEM DISPOREM DE VERBA PARA REMUNERÁ-LAS? 

A equipe já trabalha comigo há muito tempo, então, foi na base da confiança. Graças a Deus, minha equipe está comigo em tudo, topam qualquer projeto. Bastou apresentarmos a história e eles toparam. Já quanto ao elenco, fizemos uma seleção e explicamos nossa intenção com o projeto, e quais eram as condições de trabalho. Muito dos atores encararam a série como uma oportunidade de experiência, portfólio e networking e acreditaram que o projeto poderia dar certo.

DE ONDE VEIO A IDEIA PARA O FILME?

A ideia de Larissa de Oliveira – o roteiro, o feeling, tudo veio dela. Agora, o que me motivou a levar o projeto à frente, como diretor, foi a premissa diferenciada, o olhar crítico, a pegada caricata de tratar algo sério. Há tantos aspectos legais envolvidos! As cenas de ação, falar sobre corrupção, a comédia, tudo isso me deixou empolgado com a produção.

EQUIPAMENTOS DE PRODUÇÃO COSTUMAM SER CAROS E, EM ALGUNS CASOS, DIFÍCEIS DE OPERAR. COMO VOCÊS CONSEGUIRAM AS CÂMERAS E DEMAIS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROJETO?

 As câmeras e demais estruturas de produção são da minha produtora, G Pixels. Algumas coisas pertencem à equipe que integrou o projeto. Aos 14 anos, decidi abrir uma produtora com minha mãe. Ela abraçou a ideia e, desde então, fomos acumulando equipamentos, renovando, melhorando etc. Algumas coisas foram compradas especificamente para essa produção, como a câmera principal, uma Sony Alpha A6500 e a lente 18-105 F4 OSS G, que foram escolhas da equipe.

As filmagens foram feitas em vários locais

QUE ETAPA DO PROJETO FOI MAIS DIFÍCIL? A ELABORAÇÃO DO ROTEIRO, AS FILMAGENS OU A EDIÇÃO?

Sem dúvida, a pós-produção. A equipe de produção foi extremamente coesa e ágil, minimizando os problemas no set. Mas a montagem sofreu diversos contratempos e dificuldades, já que não podíamos nos dedicar exclusivamente ao projeto. Uma vez que a G Pixels tem outros projetos, e Ladrão é uma iniciativa que não proporciona um lucro imediato, foi necessário equilíbrio para finalizá-la com danos mínimos.

QUE LUGARES SERVIRAM COMO LOCAÇÕES PARA O FILME?

Ah, isso é legal! Usamos o Museu do Amanhã para algumas cenas, assim como ruas na Barra da Tijuca e do Recreio. Também utilizamos um galpão, emprestado por um amigo, e o escritório de um cliente da G Pixels, na Ilha do Governador. A casa foi cedida pela roteirista.


O CLIMA DAS GRAVAÇÕES ERA DESCONTRAÍDO? VOCÊS TAMBÉM SE DIVERTIRAM ENQUANTO REALIZAVAM A MINISSÉRIE? 

Sim, nos divertimos muito! A equipe e os atores, em pouco tempo, desenvolveram uma amizade muito boa. Uma união extremamente profissional, mas, ao mesmo tempo, descontraída. Sempre digo a todos que trabalham comigo que é preciso paixão pelo que se faz, respeito para com o próximo e muito foco. Essa paixão faz com que o clima seja sempre descontraído.

Para realizar a minissérie Ladrão houve esforço e dedicação

DURANTE MUITO TEMPO, O CINEMA BRASILEIRO FOI DEPENDENTE DE EDITAIS E LEIS DE INCENTIVO. VOCÊS ACHAM QUE LADRÃO É UM EXEMPLO DE QUE É POSSÍVEL REALIZAR OBRAS INTERESSANTES SEM CONTAR COM FINANCIAMENTO ESTATAL? 

Eu diria que sim. Ladrão nasceu de muita força de vontade, esforço e dedicação. E, como este, há diversos outros projetos incríveis que, se ficarem à mercê de um financiamento estatal, podem nunca ver a luz do dia. As leis de incentivo são positivas e um belo adianto, em alguns casos, mas podemos ir além.


DIRETORES E ROTEIRISTAS COSTUMAM TER SEUS PRÓPRIOS ÍDOLOS E “FILMES DE CABECEIRA”. QUE PROFISSIONAIS, FILMES E SÉRIES DE TV FAZEM A SUA CABEÇA? 

Meus diretores favoritos são Christopher Nolan e nosso ídolo nacional, José Padilha. Também gosto muito de Coppola, Scorsese, Todd Phillips e vários outros, mas Nolan introduziu diversos conceitos dos quais me lembro de ser apaixonado quando criança, e que me fascinavam enquanto eu crescia. Quanto aos filmes, amo os Batmans de Christopher Nolan e tenho um apreço por Questão de Tempo, de Richard Curtis, e Tropa de Elite, de José Padilha.


HÁ PLANOS DE REALIZAR OUTROS PROJETOS COMO LADRÃO?
Sim! Já temos alguns projetos independentes em pauta. Não estaremos abordando a mesma temática, mas já adianto que é um tema ainda mais polêmico e que precisa de bastante atenção. Em nossa mais nova produção independente, falaremos sobre feminicídio e agressão doméstica à mulher. O roteiro é interessantíssimo e tem a pretensão de gerar incômodo nas pessoas. Diferentemente de Ladrão, este vai direto ao ponto. Uma grande inspiração para a narrativa e estrutura da história foram alguns dos filmes de José Padilha. Estou ansioso para começarmos as gravações. Fazer cinema, contar histórias e emocionar as pessoas, levando-as a universos lúdicos, é um prazer imenso.

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