Mostra Ecos de 1922 exibiu filmes clássicos e contemporâneos
Reunindo mais de 50 títulos, evento ofereceu ao público um vasto recorte geográfico, temporal e conceitual
Entre 19 de abril e 8 de maio, o Centro Cultural Banco do Brasil Brasília recebeu a mostra Ecos de 1922 – Modernismo no Cinema Brasileiro. Antes, a retrospectiva já havia passado por São Paulo e Rio de Janeiro. Apresentando filmes raros em 35mm e 16mm e abordando o centenário da Semana de Arte Moderna de forma atual, o evento contou com patrocínio do Banco do Brasil e incentivo da Lei Rouanet.
Ecos de 1922 reuniu, aproximadamente, 50 títulos, entre longas, médias e curtas-metragens, em um vasto recorte geográfico, temporal e conceitual, que vai de 1922 a 2021, de Roraima ao Paraná. A curadoria ficou a cargo de Aïcha Barat, Diogo Cavour e Feiga Fiszon.
Obras marcantes
Foram exibidos, em película 35mm, obras marcantes do cinema brasileiro, como curtas da série Brasilianas, de Humberto Mauro (1945–1956), Terra em Transe, de Glauber Rocha, Como era Gostoso Meu Francês, de Nelson Pereira dos Santos, Ladrões de Cinema, de Fernando Coni Campos, e Tudo é Brasil, de Rogério Sganzerla. Já em 16mm, os destaques foram: Iracema, Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, e Mato Eles?, de Sergio Bianchi.
Filmes raros, em cópias digitais especiais, também foram exibidos. Entre estes, os longas Orgia ou O homem que Deu Cria, de João Silvério Trevisan, Mangue-Bangue, de Neville de Almeida, e Um Filme 100% Brazileiro, de José Sette. Na seara dos curtas, os destaques foram: O Ataque das Araras, de Jairo Ferreira, Bárbaro e Nosso – Imagens para Oswald de Andrade, de Márcio Souza, e Herói Póstumo da Província, de Rudá de Andrade.
Filmes “oswaldianos”
A mostra ainda ofereceu ao público uma seleção de filmes “oswaldianos” de Rogério Sganzerla e de Júlio Bressane, como Sem Essa, Aranha, Tabu, Miramar e Tudo é Brasil, além dos curtas Quem Seria o Feliz Conviva de Isadora Duncan?, Uma Noite com Oswald e Perigo Negro – este, baseado no único roteiro de filme assinado por Oswald de Andrade e filmado apenas em 1992 por Sganzerla.
Figura central na relação entre o modernismo e o cinema brasileiro, Joaquim Pedro de Andrade foi lembrado na mostra. Além da exibição dos longas Macunaíma e O Homem do Pau-Brasil, e dos curtas O Mestre de Apipucos e O Poeta do Castelo – filmes dedicados à obra e às ideias de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, respectivamente, foi exibido o média-metragem O Aleijadinho, de 1978.
Produção modernista
A programação foi completada com filmes contemporâneos que abordam temáticas anunciadas pela produção modernista a partir de outros vieses: indígena, negro e periférico. Entre as obras exibidas, estavam Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós, Grin, de Isael Maxakali Rolney Freitas e Sueli Maxakali, Travessia, de Safira Moreira, Por Onde Anda Makunaíma?, de Rodrigo Séllos, e N?h? Yãg M? Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!, de Carolina Canguçu, Isael Maxakali, Roberto Romero e Sueli Maxakali.
Seguindo o fluxo de desenhar novos futuros e atualizar o pensamento crítico a partir das construções culturais vivenciadas pós 1922, a identidade visual da mostra se baseou na obra Ficções Coloniais, do artista indígena Denilson Baniwa. Concebida em 2021, essa série de colagens pode ser vista em sua integralidade nas páginas do catálogo-livro da mostra, acompanhada, também, de um texto do autor. Com esta obra, Baniwa ensaia um direito de resposta ao imaginário indígena forjado por fotógrafos e cineastas brancos ao longo da história.