Fotógrafo do I Hate Flash dá dicas para produzir um vídeo em stop-motion
Segundo o especialista Wesley Allen, um roteiro bem resolvido e uma boa luz são pré-requisitos para ter resultados satisfatórios nessa técnica
Apesar de toda a inovação ocorrida na seara dos efeitos visuais, o bom e velho stop-motion (ou animação quadro-a-quadro) nunca perde o charme. Há alguns anos, o famoso cineasta Tim Burton, atuando como produtor, nos deu um magnífico exemplo da técnica em O Estranho Mundo de Jack, dirigido por Hery Selick. E o estúdio inglês Aardman Animations produziu um clássico ao fazer uso das mesmas trucagens no célebre A Fuga das Galinhas.
O fato é que ainda há muita gente que se encanta com produções realizadas com stop-motion, e isso é patente em redes sociais como o Instagram e o YouTube. Nada mau para uma técnica que surgiu há muito tempo, no século XIX, quando o cinema ainda não tinha cor ou voz.
O truque consiste em fazer vídeos utilizando diversos cliques com alterações milimétricas de movimento de um objeto ou pessoa em cena, dando a impressão de que estão se mexendo. Em Viagem à Lua (1902), o diretor Georges Méliès usou e abusou do stop motion, inaugurando a ficção científica no cinema.
King Kong
O fotógrafo Wesley Allen, do I Hate Flash, explica que, durante muito tempo, o stop-motion foi um recurso recorrente em superproduções como King Kong, de 1933. “Tudo era montado separadamente”, afirma o especialista. “O macaco era um boneco em escala muito menor, animado quadro a quadro”.
A seguir, Allen dá algumas dicas preciosas para aqueles que querem se aventurar nessa técnica e criar vídeos diferenciados. Como ensina o fotógrafo, uma boa luz e um roteiro bem pensado são alguns dos pré-requisitos para conseguir bons resultados.
Procedimento
Coloque a câmera ou celular em um tripé ou local estável que não tenha chance de se mexer. Qualquer alteração no quadro vai dar uma sensação de estranheza no meio do filme e o trabalho precisará ser refeito. Usar um disparador ajuda a evitar que a câmera ou celular saia do lugar. Roteirize o vídeo. Estude o que vai fazer para ter uma noção de onde quer chegar. Isso ajuda a não se perder no meio do processo e ter que recomeçar.
Tenha uma boa fonte de luz contínua, que não sofra variação. Nesse caso, a luz do sol não é uma boa opção porque ela muda toda hora. É bom usar LED ou até a luz do teto. Cuidado com o foco! Se o foco for perdido durante a realização do vídeo, tudo precisará ser refeito desde o início.
Monitore o stop-motion. Sempre que puder, passe as fotos para ver como está o processo, se a animação está contínua. Talvez nas primeiras vezes dê um pouco errado, mas, depois, a animação fica bem fluida.
Evite usar o zoom. Embora este possa ser utilizado no stop-motion, se você estiver trabalhando sozinho, sem controle algum, será muito mais difícil acertar nas primeiras vezes. Há muitos detalhes para controlar ao mesmo tempo.
Modo de fazer
Depois de seguir as dicas anteriores, pegue o objeto que será animado e coloque em quadro. Tire a primeira foto e dê uma pequena mexida de movimento – bem sutil – no objeto. Em seguida, tire outra foto. A cada movimento, faça uma foto, até acabar a animação.
Wesley Allen conclui lembrando que, após as fotos serem feitas, é preciso editar e transformar o material em um vídeo. “Uso três softwares para fazer isso: o Adobe Bridge para a seleção das fotos, depois, realizo o tratamento de cor no Lightroom e, por último, uso o Premier para animar as fotos, transformando em um vídeo”.
Equipamentos recomendados pelos fotógrafos do IHF
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