Lynsey Weatherspoon é fotógrafa comercial e editorial freelancer

Fotógrafa Lynsey Weatherspoon fala sobre gênero, negritude e preconceito

Lynsey Weatherspoon bate-papo com a Shutterstock e comenta sobre a comunidade criativa preta, LGBTQIA+ e seu caminho na indústria da fotografia

Foto Shutterstock por Leonard Zhukovsky

Em 1970, os EUA celebraram o primeiro mês da História Negra, destacando as muitas contribuições dos afro-americano, assim como sua Cultura. Apesar das importantes conquistas feitas pelas Vozes Negras de lá para cá, ainda há um longo caminho a ser percorrido na luta contra o racismo e o preconceito.

Como diz a poeta Amanda Gorman, “Calmaria nem sempre é paz”. A Shutterstock celebra não só os corajosos passos daqueles que vieram antes, mas também o trabalho que é feito hoje. A Shutterstock sempre registra difíceis conversas sobre desigualdade, seja por meio de protestos ou da arte. E, talvez o mais importante, a Shutterstock continua a aprender.

Milhares de pessoas compareceram à manifestação Black Lives Matter em Londres, Reino Unido. Imagem via Vincenzo Lullo

Visão inspiradora

Lynsey Weatherspoon é fotógrafa comercial e editorial freelancer. Antes de se tornar uma pessoa tão bem sucedida, ela era uma jovem criativa que foi ensinada por sua mãe a fotografar. Hoje, após quatro anos na área, viu, ouviu e passou por diversas experiências. Seu trabalho foi publicado nas versões impressa e online de vários veículos de imprensa, como USA Today e The New York Times. Em Atlanta, Georgia, e Birmingham, Alabama, Weatherspoon captura imagens que não só contam sua história, mas fazem o público querer saber mais sobre ela.

“Qualquer lugar que eu apontasse a câmera se tornaria minha própria versão do que o mundo aparenta ser,” afirma Lynsey. Para ela, a fotografia sempre foi algo agradável, mas, quando jovem, ela nunca pensou em fazer dela sua carreira. “Eu queria ser âncora do noticiário de um grande canal de televisão e foi para isso que fui à faculdade” diz. Ainda segundo Lynsey, a fotografia se tornou “uma extensão de sua imaginação”. A seguir, confira uma conversa sobre homossexualidade, segurança e negritude com Lynsey Weatherspoon.

A manifestação Black Lives Matter na Times Square em Nova Iorque. Imagem via Julian Leshay.

DURANTE MUITO TEMPO, ESSA ÁREA CRIATIVA FOI CONHECIDA POR SER DOMINADA POR HOMENS. VOCÊ PODE COMPARTILHAR COMO É TRANSITAR POR ELA SENDO UMA PESSOA QUEER?

Conforme eu me torno mais consciente da interseccionalidade da minha negritude com a homossexualidade, as fronteiras se tornam embaçadas porque estou navegando um novo território na área. Eu tenho que ter consciência de todas as facetas da minha vida interior e exterior para entender por que pessoas como eu têm de ser visíveis na fotografia. Se a identidade de gênero surge, é majoritariamente por respeito aos pronomes, o que eu acho que é importante em quaisquer conversas daqui para frente.

A SUA NEGRITUDE É UM FATOR TÃO IMPACTANTE NAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO QUANTO SER HOMOSSEXUAL?

Ótima pergunta. Eu tenho visto um crescimento nas solicitações de trabalho ultimamente e eu me pergunto se é porque sou uma mulher preta e homossexual no sul dos EUA. Os rótulos são maneiras muito importantes de me identificar por causa da minha localização e a lembrança de sua história horrível. Isso não me afeta tanto quanto experiências passadas, mas um fotógrafo homem e branco já me disse que fui contratada para um trabalho porque eu sou preta. É um lembrete de que existem pessoas que sempre irão pensar e dizer coisas desse tipo para te desestabilizar.

Fotógrafa Lynsey Weatherspoon. Imagem cortesia de Lynsey Weatherspoon

COMO ISSO FEZ VOCÊ SE SENTIR? ISSO ACONTECE COM FREQUÊNCIA?

Sinceramente, fiquei chocada, mas não surpresa. Fiquei com um pouco de raiva, mas superei imediatamente para evitar que isso me tirasse a concentração do trabalho. O racismo evidente não acontece com tanta frequência, mas eu passo por momentos que envolvem micro agressões muitas vezes.

DURANTE NOSSA CONVERSA, VOCÊ MENCIONOU QUE SER HOMOSSEXUAL É ALGO QUE VOCÊ TEM QUE “MANTER EM MENTE”, PARA QUE VOCÊ POSSA CONTINUAR SEGURA EM SEU CORPO E MENTE. VOCÊ PODE ELABORAR MAIS SOBRE O SIGNIFICADO DISSO E POR QUE É IMPORTANTE PARA VOCÊ?

Eu sei que sempre que eu sair por uma porta, eu sou quem eu sou. E existem momentos em que cada aspecto da minha identidade se torna um perigo para mim mesma e para a minha comunidade LGBTQIA+. É fácil dizer que eu ficarei segura, mas não é verdade. Minha sexualidade pode me tornar um alvo, mesmo que eu ande livremente pelo mundo. Eu continuarei vivendo minha vida como ela é e evitando sentir medo, mas eu não esquecerei aqueles que falaram suas verdades e não sobreviveram.

SE NÃO SE IMPORTA COM A PERGUNTA, ISSO JÁ COMPROMETEU A SUA SEGURANÇA DE ALGUMA FORMA?

Felizmente não comprometeu minha segurança. Mas, eu sei que poderia.

Um menino se exibe em uma bicicleta enquanto espera que os manifestantes que estão a pé o alcancem durante a Marcha por Justiça, um protesto semanal contra a brutalidade policial, em Washington, D.C. Imagem via Allison C Bailey.

ESTANDO NA ÁREA DA FOTOGRAFIA HÁ ALGUNS BONS ANOS, COMO É SER PARTE DA HISTÓRIA DESSA COMUNIDADE PRETA, HOMOSSEXUAL E CRIATIVA?

É ótimo ter uma comunidade que faz cabeças virarem com nossas conversas e nossa arte. Ser aceita entre meus colegas e toda a comunidade criativa é um equilíbrio entre segurança e compreensão. Eu fico animada de ver muitos de nós tendo seus momentos de sucesso repentino e finalmente sendo capazes de articular o que está debaixo de nossos narizes há tanto tempo.

ALGUM CONSELHO PARA OS JOVENS FOTÓGRAFOS BIPOC (ACRÔNIMO EM INGLÊS PARA PRETOS, INDÍGENAS E PESSOAS DE COR) QUE AINDA ESTÃO COMEÇANDO?

Peça ajuda para aqueles que te apoiarão nos seus objetivos, seja aprendendo a usar uma câmera ou construindo seu primeiro portfólio. Muitos de nós gostariam de ter tido acesso a fotógrafos com identidades similares às nossas. Não há melhor hora do que agora para encontrar seu mentor e alguém que esteja disposto a te ajudar durante o caminho.

PARA ENCERRAR, VOLTANDO A ALGO QUE VOCÊ DISSE MAIS CEDO: “EU TENHO QUE TER CONSCIÊNCIA DE TODAS AS FACETAS DA MINHA VIDA INTERIOR E EXTERIOR PARA ENTENDER POR QUE PESSOAS COMO EU PRECISAM SER VISÍVEIS NA FOTOGRAFIA”. DE QUE FORMA TRABALHAR COMO FOTÓGRAFA EM TEMPO INTEGRAL MUDOU VOCÊ?

É uma mudança constante por causa da natureza do trabalho ao qual eu dedico minha vida. Ser fotógrafa em tempo integral dá a chance de outras pessoas saberem que é possível ter uma carreira nessa área.

Uma mulher usa máscara na Black Women’s March na cidade de Nova Iorque. Imagem via Julian Leshay

Serviço:

Saiba mais sobre a Lynsay Weatherspoon visitando seu site

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