Filme estreia nas plataformas digitais

Filme tem como foco a representatividade das mulheres pretas na política

Dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, Sementes: Mulheres Pretas no Poder foi filmado durante as eleições de 2018 e estreia nas plataformas digitais

Rodado no Rio de Janeiro durante o primeiro turno das eleições de 2018, o filme Sementes: Mulheres Pretas no Poder, de Éthel Oliveira e Júlia Mariano, oferece um panorama revelador sobre a representatividade das mulheres negras na política brasileira. A produção – que, agora, pode ser conferida nas plataformas Net Now, VivoPlay e OiPlay – é o primeiro longa-metragem da codiretora Éthel Oliveira, da fotógrafa Marina Alves e da roteirista Lumena Aleluia.

Um projeto de baixo orçamento, Sementes foi realizado por uma equipe majoritariamente feminina e com paridade entre mulheres brancas e pretas. A equipe técnica é formada por mulheres pretas na direção, roteiro, direção de fotografia e trilha sonora, o que garantiu a essas profissionais um autêntico protagonismo na viabilização do filme.  

Figuras políticas

Por meio do longa, o público é apresentado a algumas das mulheres pretas na política do Brasil que emergiram após o assassinato de Marielle Franco: Mônica Francisco, Renata Souza, Talíria Petrone, Rose Cipriano, Tainá de Paula e Jaqueline Gomes. O filme nos mostra como é o processo de construção dessas mulheres como figuras políticas, como driblam as dificuldades financeiras e trazem de volta às urnas eleitores desacreditados, que haviam desistido do voto.

Uma das personagens destacadas pelo filme é Mônica Francisco, ex-assessora de Marielle. Pastora evangélica e militante do movimento de favelas no Rio de Janeiro, ela se define como “mulher, negra e defensora da Comunicação Comunitária e Popular”. Por muito tempo, Mônica atuou no Movimento de Rádios Comunitárias e é fundadora da Rede de Instituições do Borel e do Grupo Arteiras.

Já Rose Cipriano nasceu na Vila Cruzeiro e foi criada na Figueira (comunidades icônicas do Rio de Janeiro). Na juventude, atuou na Pastoral do Negro, em São João de Meriti e Caxias, e no PVNC (Pré-Vestibular para Negros e Carentes). Foi professora da rede estadual entre 1992 e 1996 e, desde 1997, ensina na rede municipal de Duque de Caxias mesclando suas atividades com as do SEPE-Caxias, órgão do qual faz parte desde 2006.

Arquiteta, urbanista e ativista feminina, Tainá de Paula atua nas áreas de habitação popular, planejamento urbano e arquitetura pública. É coordenadora regional da Plataforma Brasil Cidades, integrante da Comissão para a Equidade de Gênero no CAU/RJ e presta assistência técnica ao Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) do Rio de Janeiro.

Plena ação

Mulher negra e a primeira trans a ser candidata pelo Partido dos Trabalhadores no Rio de Janeiro a uma vaga na câmara legislativa no Rio de Janeiro, Jaqueline Gomes também é professora na Baixada Fluminense, pesquisadora, comprometida com os direitos humanos e a luta contra o racismo, o machismo, as LGBTfobias e quaisquer outras intolerâncias. Sua bandeira é construir um mandato coletivo a serviço da justiça, da educação pública, dos direitos das mulheres, da igualdade e da efetiva valorização da diversidade. Reconhecendo sua trajetória única, Marielle Franco lhe concedeu a Medalha Chiquinha Gonzaga em 2017.

Jornalista, Renata Souza foi eleita deputada estadual com mais de 60 mil votos. Parceira de Marielle Franco desde 2000, quando se conheceram no Censo da Maré (pré vestibular comunitário frequentado por ambas), é pós-doutoranda em Comunicação pela UFF e atua na política institucional desde 2006, quando, junto com Marielle, compôs a comissão de direitos humanos da ALERJ, presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo. Desde então, a pauta da Segurança Pública é central em suas ações, seja na militância nos movimentos sociais, na política partidária e, também, na universidade.

Eleita deputada federal em 2018, com mais de 100 mil votos, Talíria Petrone foi alvo de ameaças e intolerância, principalmente nas redes sociais. Desde a execução de Marielle, vive sob escolta policial, só se locomovendo em carro blindado. Diz que a única resposta possível a tudo isso é seguir firme e em frente na luta e na política, disputando ainda mais estes territórios institucionais.

You don't have permission to register