FEED DOG BRASIL teve programação variada
Evento foi realizado online e, além de exibir 15 títulos, brindou o público com oficinas e debates
Arte, história, sociedade e estilo se encontraram na programação do FEED DOG BRASIL – Festival Internacional de Documentários de Moda (este ano, realizado online). Além de brindar os espectadores com ótimas obras sobre o tema, o evento, em sua edição 2020, teve duas pré-estreias nacionais. O calendário da Mostra foi complementado com oficinas e debates com grandes nomes da moda brasileira, incluindo o estilista mineiro Ronaldo Fraga (que participou de Master Talk “A moda além da roupa”, mediada pela jornalista e curadora do festival, Flavia Guerra) e o professor, consultor em negócios e cultura de moda Aldo Clécius (que ministrou a oficina “Business Plan no Negócios de Moda”).
Outros temas abordados foram “Moda & Políticas Públicas Culturais” (com a participação da jornalista e pesquisadora em Moda e Política, Valéria Said), “Moda para todos” (com a comunicadora e ativista Flávia Durante, criadora da feira Pop Plus) e “A moda do futuro e o futuro da moda” (Juliana Lopes e Lena Santana).
Grandes criadores
A curadoria ficou a cargo da jornalista Flavia Guerra, que selecionou 15 títulos brasileiros e internacionais (a maior parte inédita no circuito de cinema, TV ou VOD do país). Em tempos de pandemia, a programação do Feed Dog Brasil propôs uma celebração à moda e a seus grandes criadores, mas sem esquecer o debate sobre os desafios criativos, sociais, culturais e de consumo da atualidade. A cerimônia de abertura foi realizada no dia 15 de dezembro, seguida pela pré-estreia nacional do documentário House of Cardin, de P. David Abersole e Todd Hughes, que versa sobre um dos maiores ícones da moda mundial: Pierre Cardin.
Realizado por Reiner Holzemer, o belga Martin Margiela: In His Own Words enfocou a trajetória de um dos estilistas mais talentosos, criativos e controversos de todos os tempos. Já o italiano The Disappearance Of My Mother, de Beniamino Barrese, discutiu temas atuais, como feminismo, objetificação e comoditização do corpo da mulher. De Ian Bônhote e Peter Ettedgui, o britânico McQueen revelou a intimidade do icônico estilista inglês Alexander McQueen, um gênio na passarela que foi incapaz de lidar com o sucesso e encontrar a paz. E Mapplethorpe: Look at The Pictures, dirigido por Fenton Bailey e Randy Barbato, apresentou um perfil do fotógrafo que quebrou paradigmas ao levar a fotografia, até então desprezada como “arte menor”, ao patamar de arte que não só é digna de integrar as coleções e museus mais prestigiados do mundo, quanto ser comercializada por milhares de dólares.
Produção nacional
Já a produção nacional do FEED DOG mostrou o quão plural e interessante é a moda praticada no Brasil, por meio de obras como Favela É Moda, de Emílio Domingos (eleito o melhor documentário pelo público do Festival do Rio 2019 e, recentemente, o melhor longa no XII Prêmio Pierre Verger de Filme Etnográfico 2020). Ao acompanhar uma geração que acredita na afirmação de identidades e sexualidades, e que se prepara para integrar as grandes passarelas e editoriais, o filme questiona a força estética e política de jovens negros em busca de realização pessoal no mundo da moda.
De Marcelo Gomes, Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar mostra como a indústria do jeans transformou as vidas dos habitantes de uma cidadezinha no interior de Pernambuco, onde mais de 20 milhões de calças jeans são produzidas anualmente. Outros destaques da seleção de títulos brasileiros foram Fios de Alta Tensão, de Sérgio Gagliardi-Gag, e Deixa na Régua, de Emílio Domingos.