Documentário revela os bastidores do álbum O Líder em Movimento, do rapper BK
Com um estilo que remete ao Super 8, produção foi dirigida e editada por João Victor Medeiros
Fotos João Victor Medeiros
Lançado recentemente, o álbum O Líder em Movimento, do rapper BK’, já é um sucesso incontestável, tendo alcançado a marca de mais de 15 milhões de streams nas plataformas digitais. Trata-se do terceiro trabalho em estúdio do artista, precedido pelos discos Castelos & Ruínas (2016) e Gigantes (2018).
Para os fãs de BK’, a boa nova é que um documentário que mostra os bastidores da obra acaba de ser lançado. Já disponível no canal do artista no YouTube e dirigido e editado por João Victor Medeiros, O Líder do Movimento revela a intimidade do rapper e seu processo criativo. A produção se destaca pela estética interessante, que remete ao Super 8. O projeto foi realizado em janeiro deste ano, antes da pandemia de Covid-19, e é mais do que um simples making of de gravação.
Na verdade trata-se de um registro único da vivência, cumplicidade e trocas artísticas entre BK’ e seus companheiros de Pirâmide Perdida, especialmente Jonas Profeta (JXNV), que assina os beats de 8 entre as 10 faixas do disco, e El Lif Beatz, produtor executivo e codiretor criativo do álbum. O documentário ainda contou com os talentos de Pedro Malcher (pianista e arranjador), Magno Brito (instrumentista) Arthur Luna (engenheiro de gravação e mixagem), que acompanham BK’ nesta viagem artística e humana.
Lutas raciais
Com o novo álbum, BK’ dá sequência às temáticas relacionadas às lutas raciais que já permeavam seus trabalhos anteriores, como nas músicas Julius ou O Que Sobra Disso Tudo. O Líder em Movimento narra a trajetória de um líder negro que, apesar de objetivar fortalecer a própria comunidade, tem momentos de egocentrismo e megalomania, até perceber que um povo unido através da horizontalização do poder é um povo mais motivado e, portanto, mais forte para lutar pelas mudanças que almeja.
Entre outras influências notadas no novo álbum estão personagens históricos como Malcom X e Martin Luther King, além dos rappers Tupac e Notorious B.I.G., bem como a filosofia Sankofa, originária de sociedades em Gana e na Costa do Marfim. O trabalho é composto por dez faixas, com oito beats de Jonas Profeta, companheiro de BK’ na Pirâmide Perdida, um de Nansy Silvz e outro da dupla Deekapz.
Em termos de narrativas e instrumentais, trata-se do disco mais conceitual da carreira de BK’ até o momento – e assim como Castelos & Ruínas, não conta com a participação na rima de outros artistas, sendo ele o único rapper presente. Para poder se concentrar completamente na gravação da obra, o artista e sua equipe se estabeleceram em um sítio em Nova Friburgo, onde ficaram reclusos por uma semana. Lá, todos os versos do rapper foram gravados e, posteriormente, finalizados no estúdio Companhia dos Técnicos, por Arthur Luna.