Análise sobre o filme “Invictus” pela ótica do Autoconhecinema
Por Luciano Luna
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Esta célebre frase de Nelson Mandela, além de poderosíssima, demonstra como ele conseguiu agir para fazer uma nação inteira quebrar o ciclo de ódio proveniente da segregação ocorrida em 46 anos de Apartheid.
Para quem não teve muito contato com a sua história, o filme Invictus consegue sintetizar bem, demonstrando aspectos do presidente que te fazem compreender o quão justo foi e, por isso, foi contemplado com o prêmio Nobel da Paz. Filme de 2009, dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Morgan Freeman e Matt Damon, aborda questões interessantíssimas e podem nos fazer refletir sobre temas como Inteligência Emocional, Liderança, Comunicação, Engajamento, Preconceito e Persuasão.
Parece que a base de sua filosofia está em encontrar o elo entre os discursos. Aquilo que conecta, mais do que aquilo que separa. Em que parte os discursos opostos se encontram? Como chegar a um consenso, a um ponto de equilíbrio? Como amenizar o conflito para que ele deixe de ser mero desgaste, para que não perpetue o retrocesso ou a intolerância?
O rugby simbolizava o fracasso social da época no país, com torcidas divididas, sem apoio da grande massa, sem uma expectativa a ser superada. Percebendo isso e reconhecendo o potencial disso, Mandela cria a ponte e facilita o diálogo para com o capitão da seleção sul-africana.
O capitão François teve a chance de conhecer o presidente de seu país e rapidamente transformando aquilo que sentia em relação ao Mandela (fosse o que fosse) em admiração. O próprio capitão tem características semelhantes em sua forma de liderar e pôde aproveitar da experiência de Mandela para aprimorar e rever sua postura com o time para instigá-los e também inspirá-los.
Dito tudo isso, cabe colocar a primeira pergunta reflexiva para você praticar o seu Autoconhecinema:
Sobre Liderança
Mandela, em determinado momento, pergunta para François: “Como você faz para inspirar seu time para que eles façam melhor do que eles acreditam que são capazes?” E eu replico esta pergunta a você: “Como você faz para inspirar as pessoas a sua volta a fazer o melhor, quando eles mesmos não acreditam tanto em si mesmos? Você possui esta habilidade?”
Ao entrar na cela de Mandela, François demonstra um perfeito exemplo de exercício e prática da empatia, ao literalmente estar no lugar de Mandela, buscando sentir o que ele sentiu estando preso ali por 27 anos, se questionando como o homem saiu sem sentir raiva ou mágoa daqueles que o mantiveram lá. O que, aliás, era uma dúvida geral que alavancava a curiosidade das pessoas.
Sobre Empatia
Você se considera uma pessoa empática? O quanto você acredita ser capaz de enxergar as coisas sob a ótica alheia?
Nelson Mandela parecia ter as palavras certas e criar os momentos certos para dizê-las, não tinha receio de entrar em um lugar em que suas ideias pudessem não ser bem-vindas. Tinha objetivos muito claros e conhecia ferramentas de discurso eficazes para alcançá-los. Além de ser um grande exemplo de resiliência, um conciliador eficaz e um mensageiro que deixou um grande legado em atitudes e palavras.
Sobre Legado
Qualquer que seja o legado que você esteja deixando, acredita que tem construído a sua trajetória mais por meio de atitudes ou de palavras? Mais do que isso, você se orgulha do legado que acredita estar deixando até aqui?
Autoconhecinema é assim. Olhar profundamente para as questões abordadas pelos filmes e trazer para o nosso processo evolutivo. Até a próxima análise.
SERVIÇO
Projeto AutoconheCINEMA – INVICTUS
Evento online
Dia 13 de agosto
Das 19h às 21h
Inscrições: https://www.sympla.com.br/autoconhecinema—invictus—online__935090
Luciano Luna é roteirista de cinema, palestrante e criador do projeto Autoconhecinema, metodologia de desenvolvimento humano, realizada em parceria com a psicóloga Lidiane Luna, e que tem por objetivo promover o autoconhecimento a partir de discussões em grupo sobre grandes clássicos do cinema.