DICAS DE ILUMINAÇÃO CÊNICA

Investir em formação e não se deslumbrar com o status da área são algumas dicas para vencer no ramo da Iluminação Cênica. Saiba mais nesta entrevista com um expert no assunto: Walter Zucchini Jr.

 

Por Emerson Calvente

 

 

A Iluminação Cênica pode ser considerada uma das áreas mais especializadas entre as possibilidades de atuação do Iluminador ou do Diretor de Fotografia.

 

Conversei com o Iluminador e Diretor de Fotografia Walter Zucchini Jr. “Waltinho”, como é carinhosamente chamado por amigos e colegas de profissão, ajudou a “escrever” grande parte dos últimos 20 anos da história da Iluminação Cênica na TV brasileira.

 

“Waltinho” já passou pelas principais emissoras brasileiras, entre elas: Globo, SBT, Record, Bandeirantes e MTV. Estou certo de que suas respostas nesta entrevista estimularão muitos candidatos à profissão.

 

A ILUMINAÇÃO CÊNICA É UMA ESPECIALIDADE QUE REQUER MUITOS REFLETORES, EQUIPAMENTOS E PRÁTICA EM GRANDES CENÁRIOS. GERALMENTE, ISSO É MUITO DIFÍCIL, SENÃO INACESSÍVEL, PARA OS INICIANTES. COMO VOCÊ COMEÇOU E QUAL É O “CAMINHO DAS PEDRAS” PARA QUEM QUER ESTREAR NA PROFISSÃO?

Na verdade, comecei quando era bem garoto, já querendo trabalhar na área técnica em televisão, mas sem conhecer ninguém que trabalhasse – e quase não havia cursos para formar profissionais naquela época (1984). Quando conhecia alguém que era “parente do amigo do vizinho” que trabalhava em TV, ou mesmo quando ia para à das emissoras assistir a alguma gravação permitida para minha idade (na época, eu tinha 15 anos), eu literalmente “colava” nas pessoas para obter o máximo de informações e tentar alguma indicação ou informação que me levasse a conseguir qualquer trabalho dentro da emissora. Sabe quando a gente se dispõe a qualquer cargo, com aquela convicção de que, uma vez lá dentro, nos viraremos e chegaremos lá? Então: às vezes me diziam que eu tinha que ter experiência; outras, que não tinha idade. O tempo foi passando e eu precisava continuar trabalhando para suprir meus gastos – e logo em seguida, pagar o curso de Jornalismo na FIAM. Office-boy, securitário, bancário… Até que, um belo dia, ligaram-me do SBT dizendo que minha ficha fora escolhida, e se eu podia comparecer para uma entrevista referente a uma vaga de Auxiliar de Iluminação temporário, cobrindo a licença médica de um profissional acidentado de moto. Eu nem tinha ideia de que esta função existia e, muito menos, o que fazia quem ocupava esse cargo. Cláudio Kratza era o Supervisor de Operações da época e não sabia como a ficha de alguém sem nenhuma experiência estava selecionada para a vaga. Em algumas vezes nas quais consegui ser apresentado pela insistência, acabei preenchendo fichas e, também, não tinha ideia de como esta “abençoada”, de um ano atrás, havia sobrevivido. Mas fui tão convincente que ele resolveu me dar a chance e avisou que, assim que o funcionário afastado voltasse, eu estaria fora. Pedi as contas no banco e topei sem pensar. Após três meses, eu estava efetivado. Muitos aspectos fazem o “caminho”: a busca incessante pelo conhecimento, acompanhar as novas tecnologias e aumentar sempre seu “repertório”, para ter o maior número de referências possíveis através de feiras, filmes, peças de teatro, quadros e exposições, além de visitas a outras emissoras – tudo o que possa ampliar seus conhecimentos artísticos. Não se deixar enganar sendo tomado pelo glamour de trabalhar no meio artístico é outro fator fundamental. Seja o mais profissional, compenetrado, responsável e técnico possível em seu trabalho. Apesar de fazer um trabalho extremamente artístico, não se julgue um artista que vive da fama e precisa aparecer – mesmo porque, nem sempre isso ocorre de maneira saudável. Faça com que o seu trabalho e o resultado do mesmo é que estejam em evidência.

 

QUANDO E POR QUE VOCÊ DECIDIU SER ILUMINADOR/DIRETOR DE FOTOGRAFIA? ALGO O ESTIMULOU?

Procurei até achar algum curso e, na época, fiz a “Oficina de Vídeo” no Senac, em São Paulo. Aproveitei muito os conhecimentos de José Pelégio e Sérvulo Santana (Chefes de Iluminação) e dos iluminadores e auxiliares da época. Destaquei-me tanto no curso que Mario Buonfiglio me convidou a dar aulas de iluminação no Senac. Quando me formei em Jornalismo, em 1991, já havia sido promovido a Iluminador, dava aulas em cursos básicos e optei por não deixar o que me dava muito prazer em fazer, em troca de iniciar outra carreira nas redações da TV. Já estava envolvido pela profissão.

 

HÁ UM GRANDE MERCADO PARA OS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM ILUMINAÇÃO CÊNICA? ESTA ÁREA DE ATUAÇÃO É CRESCENTE OU SE LIMITA ÀS EMISSORAS DE TV?

Na verdade, a Iluminação Cênica se ramificou muito – e quem pretende entrar ou se sobressair como profissional da área deve se especializar em Teatro, Cinema, Publicidade, Shows ou TV. Não dá para ser bom em tudo – e ainda, no caso da TV, ser melhor em algum segmento: telejornal, programa de auditório, humorístico ou telenovelas e minisséries. É lógico que um bom Iluminador busca referências em todas estas especializações. Mas precisa focar alguma delas para ter mais chance de ser bom no que faz. Com esta gama de oportunidades, o mercado está mais promissor e ainda há muitos canais de varejo, Internet e vídeo-aulas que oferecem mais oportunidades aos iniciantes de forma geral.

 

Esperamos que tenha gostado da entrevista, conte para nós se ainda sobraram dúvidas!

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